Turquia identifica bovinos com carbúnculo em importação


Primeiras informações apontam o Brasil como país de origem; entidades nacionais negam problemas

O site Hurriyet Daily News publicou nesta quarta-feira, 29, que autoridades turcas identificaram que bovinos importados do Brasil pelo Instituto de Carne e Leite da Turquia estão infectados com antraz, também conhecido como carbúnculo hemático.

De acordo com o site, o carregamento com 3.959 animais chegou pouco antes do feriado islâmico Eid al-Adha, que ocorreu na semana passada. Quando alguns bovinos começaram a morrer, o Ministério da Agricultura local abriu uma investigação e encontrou indícios da doença. Com isso, 60 animais foram abatidos e a fazenda em Ancara foi colocada em quarentena. As vendas de bovinos foram suspensas na região e pecuaristas reclamam do impacto negativo em seus negócios. Desde então, 10 mil bovinos da região foram vacinados e o Instituto de Carne e Leite garantiu que a carne produzida na propriedade infectada não foi comercializada.

Ao Valor Econômico, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou mais cedo que não tinha sido comunicado sobre o caso e até o momento não liberou mais informações.

“Estamos esperando confirmação oficial, mas nos surpreende, porque temos muita cautela com isso. O Mapa é exigente, a Abeg é exigente e os exportadores são cuidadosos”, afirma Gil Reis, superintendente da Associação Brasileira de Exportadores de Gado (Abeg).

O carbúnculo hemático é uma doença provocada pela bactéria Bacillus anthracis. Segundo Enrico Ortolani, professor titular da Clínica de Ruminantes da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, ela ocorre de forma esporádica no Brasil e em regiões com maior umidade, como na Amazônia. Uma das hipóteses para o problema, segundo o professor, é a de que os animais não foram imunizados, ou tomaram apenas uma dose ou então foram vacinados pouco tempo antes de se contaminarem, sem dar tempo para a formação de anticorpos.

De acordo com Ricardo Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Animais Vivos (Abreav), há informação de que o ministro da agricultura turco teria desmentido que o caso tenha ocorrido com bovinos brasileiros. Ele ressalta que o protocolo sanitário de exportação para a Turquia não prevê a obrigatoriedade de vacina contra clostridioses (que engloba o carbúnculo). “Mas a maioria dos exportadores faz a vacina, porque é de praxe fazer isso quando animais entram no confinamento e a quarentena é isso”. Reis também diz que as associadas da Abeg adotam o procedimento, mesmo que não haja exigência, até como cautela econômica.

Barbosa diz ainda que pelo tempo de incubação da doença – de 3 a 5 dias – não haveria como os animais terem se contaminado no Brasil. “Eles teriam morrido no navio”. Em relação à imagem dos exportadores brasileiros de gado vivo, de acordo com ele, o trabalho agora é de esclarecer a questão.

Carbúnculo hemático
De acordo com Ortolani, os bovinos se contaminam ao entrar em contato com o esporo da bactéria no solo, por isso a necessidade de solo encharcado para sobreviverem. Um sintoma característico é a hemorragia negra por nariz, boca ou ânus. Depois de infectado, o quadro do bovino evolui rápido, resultando em morte.

O professor explica que como se trata de uma zoonose e humanos podem ser infectados ao entrarem em contato com a bactéria viva por meio do animal, em casos de suspeita de carbúnculo hemático o recomendado é não manipular o animal e chamar um veterinário. “Quando há suspeita, normalmente nem abrem o animal, cortam apenas um pedacinho da orelha para não contaminar o ambiente com esporos. Tudo isso com proteção, claro, porque pode ser fatal em humanos também”, diz Ortolani.

Fonte: Portal DBO.

Por Thuany Coelho

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