COM MAIS DE 3 MIL MULHERES INSCRITAS, CNMA FOI REALIZADO A 8ª EDIÇÃO DEBATENDO SUSTENTABILIDADE PARA O CRESCIMENTO DO AGRO


“Dobrar o Agro de tamanho com sustentabilidade: A Marca Brasileira” é o tema da 8ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio – CNMA, que começou na manhã da quarta-feira, 25/10. Entre os assuntos em pauta ao longo da edição está o tripé segurança alimentar, segurança energética e segurança ambiental, além de reforçar o papel das mulheres do agro como líderes conscientes da necessidade de diálogo e aperfeiçoamento dessas bases.

Segundo o professor e sócio-diretor da Biomarketing José Luiz Tejon, curador de conteúdo do CNMA, presente na abertura do evento, o conceito do tema deste ano está suportado por uma mudança de expectativas mundiais após o período da pandemia de Covid-19 e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que teve início no ano passado.

“O Brasil é o único país do mundo que pode oferecer essa trilogia (segurança alimentar, energética e ambiental) de forma convergente, na qual cada uma das pernas do tripé tenha sinergia com as demais. No sistema agroalimentar, somos convocados a aumentar a produção de alimentos, já que podemos expandir sem cortar uma única árvore”, pontuou Tejon, cuja afirmação é confirmada pela Embrapa, que já identificou 30 milhões de hectares à disposição do agro brasileiro. Atualmente, segundo a instituição, a área que está inativa pode ser usada para dobrar a produção de grãos do País, levando em 10 anos a cerca de 600 milhões de toneladas de produção.

Segundo o curador, o agro brasileiro precisa se adequar a essa visão sistêmica do negócio para se manter como um fornecedor de alimento que atende as exigências e tendências mundiais. Para isso, precisa estar aberto aos processos de digitalização e aplicar em suas propriedades a gestão cientifica e tecnológica.

Dobrar o Agro de Tamanho com Sustentabilidade: a Marca Brasiliera!
A abertura oficial contou também com a apresentação da CEO do Rabobank, Fabiana Alves; do professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues; da presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Silvia Massruhá; e da diretora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Thais Vieira.

Abrindo as apresentações, a CEO do Rabobank, Fabiana Alves, destacou os principais ativos e passivos que fazem parte da cadeia do agro brasileiro. “Temos ativos relevantes dentro do setor,?a potência do Agro enquanto motor de toda cadeia de alimentos, da produção ao consumo. Mas também temos passivos importantes a serem discutidos como a coordenação da atualização da estratégia para que tenhamos a devida representatividade nos fóruns globais, e revisitemos a equação de risco e retorno e sustentabilidade a ser refletida numa nova marca para o Agro Brasileiro”.

Ainda, segundo Fabiana, o tema do evento aborda uma questão de extrema relevância para o futuro do agronegócio, tanto no contexto global como também para o seu próprio avanço no Brasil, que se posiciona como um dos maiores exportadores mundiais de produtos agropecuários. A recorrente busca pelo desenvolvimento econômico no setor de forma ampla, deve estar harmonizada com as melhores práticas de sustentabilidade por meio de ações de responsabilidade ambiental, social e econômica.

Ela ainda pontua que o Brasil possui posição de relevância no cenário de produção de alimentos em âmbito mundial, com ampla disponibilidade de recursos naturais combinado com condições climáticas favoráveis para a produção de grãos e proteínas animais.

Para isso, é necessária uma abordagem abrangente em toda a cadeia, com iniciativas e soluções financeiras como, por exemplo, mercado de carbono, que estimulam a compensação de emissões por meio do financiamento de projetos ambientais, a adoção de práticas de agricultura regenerativa, que priorizam a saúde do solo com recuperação ou preservação da biodiversidade, e o uso em escala da agricultura de precisão, que utiliza tecnologias avançadas para otimizar o uso de insumos e contribui para a redução do impacto no meio-ambiente.

“Contrariando a ideia de que a sustentabilidade diminui a produtividade, a implementação dessas iniciativas comprova o aumento de produtividade, além de confirmar a atenção dos produtores quanto a qualidade?e a longevidade dos seus próprios ativos e de um setor que sempre busca inovação e oportunidades de negócios”, frisou a CEO do Rabobank.

Presente desde a primeira edição do evento como gestora da Embrapa e agora como presidente da Instituição, Silvia Massruhá destacou a representatividade das mulheres do agro brasileiro e como o CNMA deu visibilidade para as mulheres do campo e das pesquisas.

“Em 50 anos nós aumentamos a nossa área plantada em 140%, dado que evidencia o quanto nossa pecuária é sustentável. Aumentamos 4,5 vezes mais a nossa produtividade em relação á expansão de área. Entretanto, não adianta comunicar estes dados para dentro da porteira, é preciso mostrar, com números, métricas e indicadores, que a nossa pecuária é sustentável e isso será possível apenas com transparência no sistema de produção e maior rastreabilidade”, pontuou Silvia.

Além da segurança alimentar é preciso pensar na segurança energética, um desafio que também está atrelado a sustentabilidade, acrescentou a presidente da Embrapa. Segundo ela, o Brasil tem potencial para contribuir com a segurança energética no mundo todo. “Assim como é necessário se atentar ao impacto das mudanças climáticas, por isso a importância de investir na produção e recuperação de áreas degradadas. Nesse sentido, a Embrapa já está realizando estudos para aumentar a produtividade sem derrubar nenhuma árvore”.

“Outro desafio é a missão socioprodutiva do pequeno e médio produtor. Nós da Embrapa podemos contribuir mostrando para eles como as novas tecnologias podem agregar valor, aumentando a produtividade e trazendo selos de sustentabilidade, realizando em paralelo a inclusão digital”, finalizou Silvia.

Na mesma linha, a diretora da Esalq, Thais Vieira, destacou o Brasil como o país com a matriz energética mais limpa do mundo. “E a Esalq tem papel importante nessa evolução, pois possui pesquisa que conversa com a sociedade e abastece o Brasil com dados reais orientando no melhor caminho para obter crescimento”.

Dados do CEPEA de outubro mostram que o agro representa 24% do PIB do Brasil em 2023 (com pequena redução), e irá alcançar até o fim do ano 2,6 trilhões de reais. O setor somou em outubro 28,3 milhões de pessoas em postos de trabalho, valor recorde acumulado desde 2012, com destaque para os setores de agro serviços e insumos.

“Estes dados comprovam que sim, vamos dobrar nosso agro e chegar a 500 milhões de toneladas em 2040. Mas realmente precisamos? Provavelmente não. Antes de começar a produzir é fundamental evitar o desperdício do que já está sendo produzido. Nós produzimos muito, somos os maiores exportadores de grãos, com safras recordes, porém atingimos o nosso limite. Esse é um sistema tão complexo e passou da hora de olharmos nossos gargalos para valorizar o alimento que é produzido com tanta responsabilidade e de forma sustentável, por meio de métricas auditáveis no mundo inteiro, mas também com a redução de desperdício”, detalhou Thais.

Ainda, segundo a diretora da Esalq, 30% do alimento produzido no mundo é desperdiçado, já, os alimentos prontos para consumo, esse valor atinge 40%. “No Brasil existe uma margem muito grande para agregar valor aos nossos produtos e o processamento de alimentos não é um vilão, mas sim a solução. O processamento pode garantir acesso a alimentação de forma segura nas mais remotas regiões do mundo. Então vamos dobrar o agro, mas é preciso fazer isso agregando valor, produzindo de forma consciente e evitando o desperdício”, frisou Thais.

O Professor Emérito da FGV, Roberto Rodrigues, destacou que o mundo caminha para uma nova dicotomia. “Neste cenário temos três problemas globais que afetam a todos: segurança alimentar, energética e mudanças climáticas”. Segundo Rodrigues, a agricultura tropical irá resolver estes três gargalos, uma vez que estas regiões possuem terras suficientes para aumentar a produção. “Mas quem vai liderar essa revolução é o Brasil, pois desenvolvemos internamente uma tecnologia tropical sustentável que mostra a exaustão como somos eficientes, produtivos e sustentáveis”.

“Temos as condições perfeitas de tecnologia, empreendedorismo e políticas públicas que nos favorecem. Outro ponto é que a demanda continua crescendo no mundo todo, e por isso podemos perfeitamente trabalhar colocando o Brasil como protagonista da produção mundial de alimentos. Podemos dobrar a produção, concertar a matriz energética e promover a sustentabilidade, desde que exista uma estratégia bem formulada. Não somos mais o país do futebol, somos o país da segurança alimentar e da paz, pois não há paz enquanto existe fome”, finalizou Roberto Rodrigues.

Fonte: Congresso Nacional Mulheres do Agronegócio.

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