Seab apresenta Programa Irriga Paraná em evento sobre agricultura de baixo carbono


Produtores, estudantes, pesquisadores, agrônomos e técnicos puderam conhecer os detalhes do programa Irriga Paraná, do Governo do Estado, durante o  2º Congresso Paranaense de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, na quinta-feira (29). A palestra “Água na Agricultura: desafios e oportunidades” foi proferida pelo diretor técnico da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Benno Doetzer, no parque tecnológico do Show Rural Coopavel de Inverno, em Cascavel.

Na contextualização do tema, Doetzer explicou que a atividade agrícola é a maior consumidora de recursos hídricos do mundo. “Cabe a nós uma parcela importante de como utilizamos essa água”, disse. De acordo com ele, o déficit hídrico reduz o potencial de geração de riquezas no campo.

O diretor técnico também explicou como as mudanças climáticas estão exigindo uma busca constante pela redução da emissão de carbono nos processos produtivos. “Nós vivemos uma série de eventos que nos mostraram uma tendência, seja o excesso de chuvas, seja períodos críticos de déficit hídrico. É um desafio enorme que temos pela frente”, disse.

Para colaborar com a adaptação a essas condições, o Governo do Paraná aprovou em junho a Lei 21.944, do Programa Estadual de Segurança Hídrica, pensado especificamente para a agricultura, como uma estratégia para garantir renda e segurança alimentar em períodos críticos, a partir de uma produção sustentável. “Diferente de outros programas de segurança hídrica, que buscam atacar as consequências do problema, o que é natural, esse programa tem uma linha muito forte para atacar as causas, além do manejo de solo, água, e bonificação por boas práticas de produção”, explicou Doetzer. De acordo com ele, apenas 155,8 nil hectares no Paraná são irrigados, o equivalente a menos de 2% da área total cultivada.

O Programa Irriga Paraná foi lançado em agosto, em Paranavaí, no Noroeste, região com a maior área agricultável coberta com sistema de irrigação do Estado e uma das que mais sofre pela falta de chuvas. A iniciativa visa incrementar em 20% a área irrigada no Paraná com investimentos que somam cerca de R$ 200 milhões, entre linhas de crédito com juros subsidiados e pesquisa científica.

DETALHES – Dos R$ 200 milhões que serão investidos dentro do Irriga Paraná, R$ 150 milhões são para linhas de crédito para estímulo à instalação de sistemas de irrigação. São R$ 78 milhões via Banco do Agricultor Paranaense (por meio da Fomento Paraná, com subsídio da taxa de juros), R$ 42 milhões pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e R$ 30 milhões via Fundo de Equipamento Agropecuário do Paraná (FEAP), gerido pela Seab. A execução do programa será feita pelo Sistema Estadual de Agricultura (Seagri).

Agricultores familiares enquadrados nas linhas do Plano Safra terão juros zero por meio do Banco do Agricultor Paranaense, com bônus de até R$ 20 mil em casos de adimplência. Para os demais produtores, haverá subvenção de cinco pontos percentuais até o limite de financiamento, de R$ 1,5 milhão.

No BRDE, haverá uma linha de crédito específica com recursos livres, com subvenção dos juros que vão de 7% até 12% ao ano, conforme valor do financiamento, disponíveis durante todo o ano. Pelo FEAP, os projetos serão encaminhados pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Serão cadastradas empresas de serviços e equipamentos via chamada pública, que ficarão responsáveis pelos projetos a serem encaminhados ao Fundo. Caso a unidade técnica do programa aprove, o FEAP irá repassar o recurso diretamente ao produtor.

O Governo do Estado também apoiará a implantação de sistemas irrigados para a agricultura familiar com subvenção direta ao beneficiário final, de até 80% do valor do projeto, limitado a R$ 20 mil.

Entre os itens apoiados estão a captação e reservação de água superficial e subterrânea (poços), sistemas de distribuição de água para irrigação, equipamentos (conjunto motobombas, tubulação, sistemas de distribuição, pivô central, sistemas autopropelidos), instalações elétricas, sistemas de monitoramento de solo e clima (como estações meteorológicas compactas e sensores), sistemas de automatização, entre outros.

Na área de pesquisa, serão destinados R$ 20 milhões com recursos do Banco do Agricultor, FEAP, Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FERH) e Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Entre os investimentos estão o aprimoramento da gestão dos recursos hídricos em bacias estratégicas, com instalação de radar e estações; o estímulo ao uso de diferentes matrizes energéticas na agricultura irrigada, por meio do RenovaPR; e a promoção da utilização de água para reúso na irrigação, sobretudo em regiões de produção de proteína animal. Além disso, serão incentivados cursos de capacitação sobre sistemas irrigados sustentáveis.

EVENTO – O 2º Congresso Paranaense de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono começou na terça-feira (27) e terminou na quinta-feira (29), dentro da programação do Show Rural Coopavel de Inverno. O evento foi organizado pela Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel (Areac) e a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), com apoio de várias instituições, como a Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (FEA-PR), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Sindicato Rural de Cascavel, a Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea (Mútua/PR), Coopavel, AgroTema e Eco2 Brasil.

A programação reuniu palestras e apresentações de exemplos de sucesso em propriedades paranaenses que investem em práticas de baixa emissão de carbono. Participam empresas privadas, cooperativas, instituições de ensino e de pesquisa de diferentes regiões do Estado.

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