Governo dá início à ação que vai proteger mil nascentes de água até o Dia da Árvore


A Estância Carmello, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, foi a propriedade escolhida para o início da ação Mil Fontes, que até a próxima quinta-feira (21), Dia da Árvore, fará a proteção de pelo menos mil nascentes de água em todo o Paraná. A ação faz parte do Programa Estadual de Proteção de Nascentes, com o objetivo de preservar entre 30 mil e 35 mil minas d’água até 2026, o que vai ajudar a estimular a produção de água e evitar problemas no abastecimento.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior esteve nesta terça-feira (19) na propriedade de Ilbérico e Sônia de Paula, localizada na Bacia do Miringuava, e plantou as mudas que vão proteger a fonte de água. A iniciativa, destacou ele, busca garantir a produção de água com qualidade e em quantidade. Ela também ocorre um dia depois do Paraná aderir ao Pacto pela Governança da Água, que é gerenciado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

“É um projeto que olha para o futuro, para que as futuras gerações não passem pelo que passamos dois anos atrás, com a maior estiagem da história recente do Paraná. Além do racionamento, tivemos que bombear água de pedreiras e de furnas para que o desabastecimento não fosse maior. Por isso queremos trabalhar com planejamento e cuidado”, lembrou.

Além do abastecimento, a iniciativa também contribui com os produtores rurais, que poderão ter água disponível para o consumo e para a irrigação. “O Paraná é um dos maiores produtores de alimentos e o Estado mais sustentável do Brasil, e agora também será referência na produção de água de qualidade”, ressaltou.

Essa é a maior iniciativa já realizada em proteção de nascentes no Paraná e no Brasil, com a ação atendendo três fontes de cada município paranaense, explicou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

“É uma atitude inteligente para construirmos o futuro. Queremos que as pessoas vivam bem, com água de qualidade, e que os processos agrícolas tenham sustentabilidade”, afirmou. “Este é só o início, queremos proteger cerca de 30 mil minas d’água até 2026 e continuar avançando na conservação da água, que é um grande patrimônio natural”.

O presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance, explicou que 600 técnicos do instituto estão em campo para ajudar os agricultores na proteção das nascentes e destacou que o projeto conta com a contribuição de várias entidades. “Essa é uma prática antiga na extensão rural e que, neste momento, é necessário retomar em parceria com as prefeituras e os sindicatos rurais”, acrescentou.

“No Dia da Árvore queremos estar com essas mil fontes georreferenciadas. É um ato simbólico, mas que vai alcançar milhares de microbacias paranaenses em uma visão mais sustentável, devendo chegar a 35 mil fontes nos próximos três anos”, destacou.

PROTEÇÃO – Utilizada para o turismo rural, a Estância Carmello é referência em proteção ambiental na área rural e é uma das unidades atendidas por um programa de preservação da Bacia do Miringuava, que atende produtores locais e conta com a participação do IDR-Paraná, Sanepar e o Movimento Viva Água, do Grupo Boticário.

A propriedade também recebeu o Pagamento por Serviços Ambientais, projeto do Instituto Água e Terra (IAT) junto com a Prefeitura de São José dos Pinhais e a Sanepar, e implementou ações de restauração florestal em dois hectares da área.

A proprietária Sônia de Paula explicou que eles têm outras duas nascentes no local, que estão protegidas e evitaram que as consequências da estiagem fossem maiores. “Quando tivemos outras estiagens aqui, sofremos menos por ter outras nascentes. Uma delas produz até 2 mil litros por hora, e ajudou a gente e os vizinhos quando acabava a água”, contou. “É muito importante que as pessoas tenham consciência e protejam as fontes de água, porque nada sobrevive sem ela”.

As nascentes da propriedade ajudam a formar um córrego que é afluente do Rio Miringuava. Porém estão expostas atualmente à presença de animais e processo erosivo. A proteção, feita com a técnica solo-cimento, vai evitar o assoreamento e garantir a produção de água com quantidade e qualidade.

A vegetação no entorno também será recomposta para e uma cerca será colocada em volta. Tudo isso vai proteger a nascente do pisoteio de animais, contaminação com agroquímicos e do assoreamento causado pela erosão, além de permitir uma melhor infiltração da água da chuva, aumentando a vazão das fontes.

Dessa maneira, a água produzida vai contribuir com o abastecimento público da Região Metropolitana de Curitiba. Isso porque o Rio Miringuava é responsável, atualmente, pelo abastecimento de 250 mil unidades consumidoras. Após a conclusão do reservatório que está sendo construído pela Sanepar, deve atender 600 mil consumidores.

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