Com a chegada do outono, é hora de pensar no inverno A transição do pasto para o cocho deve ser gradual; veja algumas dicas para realizá-la com sucesso


O outono chegou. Os pastos estão verdes e o rebanho roda os piquetes como de costume. Mas a chegada da estação sinaliza para a mudança no desenvolvimento do capim, e o produtor de leite que se preza já começa a se preparar para o inverno. Ele já tem sua estratégia montada – silagem, napier, cana, ou pastagens de aveia ou azevém-, e não será “pego de surpresa pelo inverno”, para usar uma expressão muito irônica entre os técnicos, mas a transição do pasto para o cocho deve ser feita com todo cuidado.

Nesse período em que as vacas passam a se alimentar não apenas no pasto, mas também diretamente no cocho, o produtor de leite deve ficar atento para garantir uma transição tranquila para os animais. Especialistas ouvidos pela reportagem dão algumas dicas para que o rebanho estranhe o menos possível essa mudança de rotina. “A natureza do ruminante é pastejadora, todos os bovinos evoluíram por milhares de anos consumindo gramíneas em pastagens. Esse comportamento está bem impresso nos genes desses animais, até os dias de hoje. Quando se faz a transição de uma pastagem para o cocho, é natural o animal estranhar”, diz o professor Patrick Schmidt, da UFPR. Ele diz, por exemplo, que aspectos como local, tipo de alimento (textura, cheiro, gosto), proximidade de outros animais em ambiente restrito e até a presença humana mais frequente podem provocar algum tipo de “estranhamento” nos animais neste período. De modo geral, apenas bovinos que estavam passando fome na pastagem vão realizar consumo intenso no primeiro contato com o cocho. Contudo, seguindo algumas recomendações básicas, essa adaptação ao novo manejo pode ocorrer de forma relativamente rápida, em poucos dias, afirma Schmidt.

O agrônomo Lúcio Oliveira Cunha, da Embrapa Pecuária Sudeste, concorda. “Toda atenção é muito importante nesse período de transição, pois qualquer erro de avaliação acarretará risco de restrição na oferta diária de volumoso, que, se não for resolvido a tempo, pode comprometer o desempenho animal, justamente num período do ano em que, devido ao clima mais ameno e à ausência de efeitos prejudiciais do estresse térmico, o potencial produtivo e reprodutivo fica mais elevado”.

A seguir, algumas dicas do professor Patrick Schmidt, que coordena o Centro de Pesquisas em Forragicultura, onde são desenvolvidos trabalhos de pesquisa e extensão rural, para melhorar a transição das vacas do pasto para o cocho:

1. Forneça pequenas quantidades diárias de ração concentrada no local onde os animais ficarão estabulados, ainda durante o período a pasto, para que eles se acostumem com o ambiente;

2. Se houver troca da pastagem por forragem conservada (silagem, pré-secado ou feno), um pouco de capim verde picado, de boa qualidade, misturado no cocho aumenta o consumo dos animais na fase inicial;

3. Se o produtor decidir trabalhar com doses mais altas de ração concentrada, essa introdução deve ser gradual e dividida em um período mínimo de duas semanas, para que o rúmen do animal se adapte a altas dosagens de amido, lipídeos e proteínas.

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