O uso de agrotóxico nas lavouras de soja pode ser reduzido consideravelmente, se houver um monitoramento e controle efetivo das doenças e pragas por parte dos produtores. Essa informação foi reforçada nesta quarta-feira à tarde durante o 1º Seminário Regional da Soja, realizado pela Emater, com apoio da Sociedade Rural de Maringá e diversas outras instituições, no Centro de Eventos Ermelindo Bolfer, do Parque de Exposições de Maringá.
O evento foi uma antecipação ao início do plantio da próxima safra, que deve ocorrer a partir de meados de setembro, servindo para o repasse de informações a produtores, técnicos e outros profissionais da área. O objetivo foi apresentar estratégias que garantam uma redução no número de aplicações de inseticidas com a consequente redução dos custos de produção e melhoria da renda.
Dois pesquisadores da Embrapa soja, de Londrina, Claudine Denale Seixas e Samuel Roggia, estiveram presentes para falar aos produtores, com ênfase no controle da ferrugem asiática e percevejo. Eles apresentaram dados do manejo integrado de pragas e doenças adotado no Paraná nos últimos anos, que deram bons resultados.
De acordo com o resultado médio das últimas cinco safras, o número de aplicações de inseticidas nas áreas com manejo foi de 2,1, enquanto em lavouras sem o controle foi de 4,1. A quantidade de inseticida nas terras com manejo foi de 2 sacas por hectare e sem manejo de 4,3 sacas/hectare. Já a produtividade dos grãos se manteve próxima, com 59 e 57 sacas/ha respectivamente.
Chamando a atenção para os números acima, o coordenador regional de grãos da Emater, Pedro Cecere Filho, observou que o produtor que aplicou menos inseticida não teve perda de produtividade. “Pelo contrário, foi até um pouco melhor, o que deve ter resultado também em lucro maior. Esta conscientização sobre o equilíbrio no uso de inseticidas é que estamos buscando passar aos produtores”, argumentou.
Segundo a pesquisadora Claudine Seixas, fazer o manejo das lavouras significa acompanhar o dia a dia no campo, observar as plantas e tentar identificar o que está acontecendo. Só em caso de aparecimento mesmo de alguma doença ou praga é que se deve entrar com aplicação. “Nem todas as doenças ocorrem todos os anos e em todas as propriedades. Por isso, o recomendável é o acompanhamento e não a aplicação programada. Muitas vezes, pode ser que nem precisa”, reforçou.
Abordando a questão das lagartas e percevejos, o pesquisador Samuel Roggia explicou que há uma variedade de espécies e recomendou tentar retardar ao máximo a aplicação de veneno, já que em muitos casos os inimigos naturais podem dar conta do problema. “O importante é o produtor ficar atento, buscar informações e novos conhecimentos, porque existem hoje muitas técnicas e métodos disponíveis para o controle adequado da lavoura.”
Quanto à possiblidade de surgimento de ferrugem na próxima safra, Claudine disse que a perspectiva é que não apareça tão cedo, “uma vez que tivemos geadas mais fortes este ano e também um clima seco no inverno que devem ter eliminado os resíduos do último plantio”. “Isso é bom, porque provavelmente exigirá menos aplicação de inseticida e muitas lavouras podem nem ser atacadas”, previu.
O Seminário foi uma realização da Emater em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura, Embrapa, Sociedade Rural de Maringá, Senar-PR, Sindicato Rural de Maringá, Sicredi União PR-SP, Unicesumar, Universidade Estadual de Maringá e Amusep.