Produtoras de seda do Paraná são premiadas com viagem para a França


Cerimônia de premiação do Concurso da Seda Paraná 2025 Foto: Geraldo Bubniak/AEN

As agricultoras Diovane Plep Machado Moro e Maria Rosa Pires de Sousa moram em Palmital e Godoy Moreira, mas já podem começar a arrumar as malas para carimbar o passaporte na França. As produtoras de bicho-da-seda foram as vencedoras do Concurso Seda Paraná, iniciativa inédita promovida pelo Governo do Estado para valorizar as mulheres envolvidas na cadeia da sericicultura. Como prêmio, elas vão representar o Paraná no Festival da Seda de Lyon, principal evento do setor, que acontece em novembro na cidade francesa.

“Nunca imaginei que chegaria aqui, só por estar entre as 10 finalistas já era uma alegria. Então imagina ganhar, é uma felicidade enorme, nunca tinha passado por essa alegria na minha vida. Agora vou poder ver o quanto o nosso trabalho é valorizado”, afirmou Diovane, que começou na atividade junto com o pai, há 13 anos.

“A emoção é muito grande, jamais imaginei que ia chegar até aqui. A hora que vi meu nome nem acreditei, deu uma vontade de chorar e de gritar”, disse Maria Rosa, há dois anos na produção.

Ao todo, 430 produtoras de 80 cidades se inscreveram no concurso, promovido pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e o Gabinete da Primeira-Dama. Entre estas, 10 finalistas foram selecionadas. As vencedoras foram conhecidas nesta terça-feira (12), em evento no Palácio Iguaçu. Os principais critérios para a seleção foi o volume de produção de casulos de primeira por área de amoreira – árvore cujas as folhas são utilizadas para a alimentação do bicho-da-seda – e o teor da seda produzida.

A primeira-dama Luciana Saito Massa ressaltou que a iniciativa também busca incentivar a produção de seda no Paraná, já que é uma atividade rentável e sustentável, principalmente para as mulheres do campo. “Tive a oportunidade de visitar o Festival da Seda e, ao ver de perto esse trabalho, pensei que as produtoras paranaenses também deveriam participar desse evento. Porque é o trabalho diário delas que faz com que a seda do Paraná seja transformada em verdadeiras obras de arte. É orgulho ver que as mulheres estão à frente dessa produção”, disse.

O Paraná é o maior produtor de fio de seda do Brasil, responsável por 86% da produção nacional, que é exportada a países como França, Itália, Índia, Japão e China. A matéria-prima paranaense é utilizada inclusive por grandes grifes, como a francesa Hermès. No ano passado, o Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu R$ 44,4 milhões, com a produção de 1,35 mil toneladas de casulos e 2.460 hectares de amoreiras plantadas.

“A principal característica desse concurso foi dar visibilidade a esse setor tão importante da economia paranaense, principalmente porque a produção da amora e do bicho-da-seda é feita por pequenos produtores, que moram e produzem em sua propriedade e que têm a possibilidade de ter uma renda melhor”, ressaltou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes. “Por isso, o projeto da seda é fundamental, porque com a melhora da qualidade da seda, podemos colocar esse produto em muitos mercados do mundo e com alto valor agregado”.

A presidente da Associação Brasileira da Seda (Abraseda), Renata Amano, explicou que a seda paranaense é valorizada por sua qualidade, principalmente em função da produção sustentável. “A seda paranaense é muito reconhecida, mas precisamos crescer, porque infelizmente ainda não produzimos o suficiente para atender o mercado internacional”, explicou. “Por isso a importância de valorizar esse trabalho e ter essas produtoras em Lyon, visitando o atelier da Hermès e as fábricas onde o fio que elas produzem é transformado em itens de luxo”.

AGRICULTURA FAMILIAR – O trabalho de criação de bicho-da-seda é feito principalmente por agricultores familiares, envolvendo cerca de mil famílias de 184 cidades paranaenses. A sericicultura tem se mostrado uma importante alternativa de diversificação de renda, com as mulheres desempenhando um papel central nesse processo.

É o caso de Diovani, que acompanha desde os 12 anos de idade a criação de bicho-da-seda. A atividade, que começou com o pai, agora é dividida com o marido. “A gente mexe só com isso, se dedica, é um trabalho tranquilo. Mas agora que a gente vai até a França, vai ser a oportunidade para amadurecer e crescer com a cultura”, destacou. “E eu digo para todas as mulheres que continuem firme, com fé e coragem”.

Maria Rosa viu na sericicultura a oportunidade de trabalhar de casa e acompanhar o crescimento do filho. “Acordo todo dia cedo, corto amora, alimento os bichos e ainda tenho tempo para cuidar da casa. Meu pai mexeu antigamente com bicho-da-seda e eu escolhi retomar porque estava dando renda e eu teria tempo de ficar com meu filho e cuidar do serviço de casa. Não precisava sair para trabalhar fora e podia ver meu filho crescer”, afirmou. “Estou muito feliz, acredito que fui uma das premiadas porque cuido com muito amor, porque assim você pode evoluir cada vez mais.

SEDA PARANÁ – O Governo do Paraná desenvolve o programa Seda Paraná, que tem como objetivo promover e estimular a produção de seda, valorizando especialmente o trabalho das mulheres na sericicultura. O programa busca o fortalecimento da atividade, com apoio aos produtores e o redesenho do processo de produção e fabricação, envolvendo pesquisas para melhorar a produtividade.

O diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Natalino Avance, explicou que a proposta é garantir um ambiente para dar continuidade à atividade no Estado. “O Paraná produz hoje uma das melhores sedas do mundo e quer manter isso. Por isso fazemos um esforço para manter acesa essa chama, já que envolve famílias de agricultores que têm na seda sua atividade principal, que gera renda e qualidade de vida”, afirmou.

PRESENÇAS – Participaram da solenidade o chefe da Casa Civil, João Carlos Ortega; os secretários estaduais da Fazenda, Norberto Ortigara; e da Inovação e Inteligência Artificial, Alex Canziani; o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Eduardo Meneguette; o diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco; produtoras e representantes do setor.

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