Geração Y ajudou a consolidar mercado de carne premium


Segundo Roberto Barcellos, fomento de novas marcas e selos está ligado a mudança no perfil do consumidor

Enquanto o consumo de carne bovina tem recuado nos últimos anos em função da crise econômica vivida pelo país, o mercado de carne premium cresce a passos largos no Brasil. Se antes era necessário ir a um restaurante para comer uma carne de qualidade, hoje é possível comprar cortes gourmet em diversos açougues, boutiques e até mesmo em supermercados.

De acordo com o especialista em carnes Roberto Barcellos, da Beef and Veal Consultoria, o crescimento deste mercado foi puxado pela mudança de perfil do consumidor, principalmente pela ascensão de pessoas entre 25 e 30 anos, a chamada Geração Y. “Os consumidores dessa faixa etária costumam ter uma relação mais intensa com a gastronomia e passaram a demandar produtos de maior qualidade. Isso é mais visível no mercado de carnes e no de cervejas artesanais”, afirmou.

Barcellos explica que a crescente demanda por parte desse consumidor obrigou a cadeia produtiva a se reorganizar, fomentando assim o surgimento de boutiques de carnes e fazendo com que um número cada vez maior de açougues e supermercados passassem a oferecer carnes de alta qualidade de diferentes marcas e selos. Esse movimento permitiu a consolidação e a criação de mais associações e núcleos que atuam na produção de carnes gourmet.

“Essa reestruturação foi rápida e intensa. Há cerca de oito anos era gritante a diferença dos açougues e casas de carnes nos EUA e no Brasil. Hoje, em qualquer região do Brasil você consegue encontrar produtos de altíssima qualidade que não ficam devendo nada aos do mercado externo”, destacou.

Para conseguir sucesso nesse segmento, o especialista aconselha que o pecuarista siga alguns exemplos de sucesso da cadeia de cafés premium. O primeiro, e talvez o mais importante deles, é a regularidade no fornecimento e padronização dos cortes. ““É fundamental que o consumidor encontre aquele produto sempre da mesma forma e saiba onde encontrá-lo”, destacou Barcellos, acrescentando que a tarefa pode ser extremamente difícil, uma vez que animais filhos dos mesmos pais podem apresentar diferentes tipos de carcaça e acabamento. “Para que o produto final seja padronizado, é necessário fazer o mesmo em todo o sistema produtivo, como raça, nutrição e manejo”.

O segundo aspecto citado pelo especialista é o caminho percorrido até a mesa do consumidor. “Muitas vezes a história vale mais do que o produto em si. A marca ou o selo deve saber contar toda o processo produtivo do pasto ao prato, mostrando a importância de todos os elos da cadeia”.

Por fim, Barcellos afirma que é necessário mostrar que a carne vem de um sistema sustentável, segue todos os preceitos de bem-estar animal e os animais não ocupam áreas de desmatamento recente. “Quem compra um corte de R$ 100 tem que saber quem produziu, onde produziu e como produziu. O consumidor leva para casa todo o pacote produtivo. Não se trata apenas da carne”, concluiu.

Fonte: Portal DBO
Foto: ABCB Senepol

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