Estudo mostra que produtores rurais colocaram 26,8 milhões de hectares em sistemas com algum integração no manejo visando a produção animal
Se são 159,5 milhões de hectares (IBGE), ou 182 milhões de hectares (MapBiomas), ou 162 milhões de hectares (Athenagro), ou 180,2 milhões de hectares (Embrapa Territorial), a polêmica área de pastagens no Brasil, como já foi abordada na edição 478, de agosto de 2020 na Revista DBO, ganha um novo número: 170,7 milhões de hectares. Mas com um grande adicional – a conversão de 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas produtivas.
Tudo isso só foi possível graças à adoção de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) pelos produtores rurais. É o que atesta um estudo realizado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG) e divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na manhã desta quinta-feira (5/11).
A pesquisa aponta a recuperação da área no período de 2010 a 2018, superando a meta dos 15 milhões de hectares estabelecida pelo Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). A área recuperada é maior que o território do Reino Unido, que tem aproximadamente 24,2 milhões de hectares.
O Plano ABC é uma política nacional focada em estimular a agricultura sustentável. A iniciativa foi lançada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 15), realizada em dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
Lupa sideral
O estudo da UFG foi realizado com base na classificação automática de imagens de satélites da série Landsat, um programa americano de satélites de observação da Terra. Pela análise das imagens, os pesquisadores verificaram uma expressiva redução no número de propriedades com áreas de pastagens com degradação severa e moderada entre 2010 e 2018.
“Comparando os dados obtidos, foi observada uma melhora na qualidade das pastagens no período avaliado, com redução no percentual de área em todas classes de indícios de degradação, ao mesmo tempo em que houve aumento no percentual de áreas sem indícios de degradação”, aponta o estudo, coordenado pelo pesquisador Laerte Guimarães Ferreira Júnior, da UFG.
O aumento na qualidade dos pastos foram mais expressivo nas regiões Centro-Oeste e Sul, em especial nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Tocantins. Nas áreas de contratos do Plano ABC para Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), a área total com pastagens classificadas como Degradação Severa reduziu de 34,3% para 25,2%.
No primeiro trimestre do atual ano-safra (julho a setembro de 2020), as áreas agropecuárias com tecnologias de redução dos gases do efeito estufa financiadas pela linha de crédito do Programa ABC passaram de 245 mil hectares para 485,1 mil hectares, crescimento de 97,9% na comparação ao mesmo período de 2019. A análise ainda levou em conta os dados de 5,5 milhões de propriedades, conforme os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que também sugerem um aumento nas áreas de pastagens classificadas com Degradação Leve e Não Degradada. Com informações da Ascom/Mapa