Segundo analista, aumento da moeda americana estimula as exportações e o valor da arroba
A oscilação do dólar sobre o real no dia a dia impacta diretamente o agronegócio brasileiro. A perspectiva de alta da moeda americana nos próximos meses deve favorecer o preço da arroba no segundo semestre do ano, segundo avaliação do diretor comercial da Integrado, Guilherme Talhari. “Uma vez que estamos exportando mais com competitividade lá fora, a tendência é que ficará menos carne aqui no mercado brasileiro”, explica o analista.
Segundo Talhari, há boas perspectivas para o preço da arroba bovina neste segundo semestre. “Estamos tendo a retomada do mercado chinês e a abertura do mercado da União Europeia. Isso tudo conflui para o mercado agropecuário ter um saldo positivo no segundo semestre. Eu não acredito, por exemplo, que o boi fique abaixo dos R$ 160 a arroba na segunda parte do ano”.
Talhari esclarece que a alta da moeda americana favorece as exportações brasileiras. “Quando se tem uma valorização do dólar, pensando no mercado externo, se tem uma maior competitividade das nosssa commodities fora do país. A carne, o milho e a soja, por exemplo, tendem a ter um preço mais atrativo lá fora”.
Entre os setores do agronegócio brasileiro mais afetados pela alta do dólar, o analista destaca o mercado de grãos. “O milho está tendo uma alta de exportação. O aumento nas vendas tende a compensar a desvalorização do nosso câmbio. Pensando no produtor rural, existe a possibilidade de se ter a alta no preço do grão. O mercado agropecuário brasileiro, em geral, é beneficiado com a alta do dólar”, afirma Talhari.
O diretor comercial aponta que, apesar de ser muito bom para as exportações, em contrapartida, com a valorização do dólar se tem uma alta nos custos de produção. “Uma vez que estamos exportando maiores quantidades de milho e soja, por exemplo, esses produtos terão uma escassez no mercado interno e a gente começa a ter um maior custo de produção, como com herbicidas, produtos de nutrição animal e demais elementos vinculados ao dólar”.
Custos
Por outro lado, Talhari deixa claro que em caso de desvalorização da moeda americana os reflexos são sentidos especialmente no consumo do mercado interno. “Se a gente partir do ponto de que somos um dos países que mais exporta e produz carne bovina no mundo, uma baixa na moeda americana faz com o que o produto possivelmente não consiga ser embarcado. Os reflexos disso é um consumo doméstico que, provavelmente, não conseguirá consumir o que seria exportado, o que pode gerar uma baixa de preço”.
Para se proteger não somente do aumento do dólar, mas das variáveis de prejuízos que rodeiam uma propriedade, Talhari recomenda que o pecuarista esteja sempre atento ao mercado interno. “O produtor brasileiro tem que estar muito atrelado àquilo que ele produz e à gerência do seu negócio para poder ser cada vez mais assertivo. É necessário que ele tenha controle da gestão e assim consiga ter a capacidade de gerar caixa. Isso vai ser muito mais impactante nos números da fazenda do que uma alta do dólar isolada, por exemplo”, frisa o analista.
Os preços das commodities no mercado brasileiro acompanham o desempenho do dólar nos negócios. Na última quinta-feira, 4 de julho, a cotação da moeda comercial americana atingiu R$ 3, 7993 – abaixo dos R$ 3,85 que vinha sendo registrado durante todo o mês de junho. Para os próximos meses, o analista prevê que o dólar deve seguir sem muita flutuação. “Pensando no mercado e o que está acontecendo, a moeda deve seguir na casa dos R$ 3,90 ~ R$ 4,10”, finaliza.