O Paraná é o maior exportador de proteína halal do Brasil, considerando o embarque conjunto de derivados de aves e bovinos. A carne halal segue o método produtivo de acordo com as crenças do consumidor muçulmano. Apenas para o mundo árabe, conjunto de 22 países de maioria árabe no Oriente Médio e Norte da África, o estado exportou US$ 618,172 milhões em carne bovina e frango halal de janeiro a setembro de 2021, segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Considerando o grande número de consumidores muçulmanos em todo o mundo – quase 2 bilhões – o estado tem potencial para entrar nesse mercado com ainda mais intensidade.
A certificação halal, que comprova o cumprimento dos requisitos da religião, envolve não apenas alimentos, mas também fármacos/cosméticos, turismo, vestuário, entre outros. Quanto às proteínas animais, os procedimentos diferenciados incluem aspectos como a matéria-prima, higienização, armazenagem e transporte. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o estado tem 31 plantas habilitadas. Entre as indústrias certificadas no Paraná, estão Copacol, C’Vale, Jaguafrangos, Seara, Vibra, Coopavel, BRF e Avenorte, de acordo com a Cdial Halal, uma das maiores certificadoras do Brasil.
Depois do Paraná, o segundo colocado no ranking de exportações de proteína halal de janeiro a setembro é o Rio Grande do Sul (US$ 442, 69 milhões), seguido de Santa Catarina (US$ 362,072 milhões). Em 2020, o Brasil exportou US$ 2,95 bilhões em proteína halal avícola e bovina, sendo US$ 1,99 bilhões em aves e outros US$ 968 milhões derivados bovinos.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara destaca que o governo estadual tem trabalhado para melhorar ainda mais esse desempenho. “Estamos em tratativas para ampliar nossas vendas de alimentos para o mundo e atrair investimentos. A longa tradição de nossas cooperativas agrícolas, a qualidade sanitária reconhecida internacionalmente e a agenda diplomática positiva têm colaborado para manter o Paraná em patamares elevados de comercialização internacional”, diz. “Temos cerca de dois bilhões de consumidores muçulmanos no mundo. É preciso aproveitar esse momento em que nos livramos de dificuldades sanitárias antigas para ingressar com mais intensidade nesse mercado”, completa.
Maior produtor de carne de frango no país, o Paraná se destaca nas exportações dessa proteína. O secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, enumera uma série de características que permitiram ao Paraná o protagonismo na produção em larga escala, como clima favorável, disponibilidade de água, terras férteis, grãos cultivados nas proximidades das integrações, grande prevalência de pequenas unidades produtivas com perfil de agricultura familiar – preferido das empresas integradoras, além da infraestrutura para o escoamento. “Tudo indica que o Paraná continuará a ter importante papel na alimentação diária dos muçulmanos do mundo”, diz Mansour.
HÁBITOS DE CONSUMO – Quando um produto recebe certificação halal, significa que seu consumo é lícito e permitido ao muçulmano, passando por processos diferentes dos produtos convencionais. No caso do frango, por exemplo, o consumidor árabe prefere a ave tipo griller, que pesa entre 1200 e 800 gramas. Embora o hábito varie de acordo com o país, geralmente as famílias servem o frango inteiro, uma ave para cada pessoa, conta Mansour.
O abate desses animais segue as regras da religião – precisa ser realizado por abatedor ou supervisor muçulmano, por método de corte por lâmina no pescoço, sem dor nem insensibilização elétrica. O sangue, considerado impuro na cultura islâmica, precisa ser drenado. A linha de abate deve estar posicionada em direção à cidade sagrada de Meca – geralmente indicada por setas no chão dos frigoríficos.
O armazenamento e o transporte são realizados em galpões separados de outros tipos de carne. O processo produtivo também não pode incluir contaminação cruzada com substâncias proibidas pelos princípios religiosos, como o álcool.
TRADIÇÃO – Segundo a Câmara, no Brasil, as exportações de carne halal para os árabes começaram em 1977, na esteira da crise do petróleo, quando os árabes começaram a trocar o combustível fóssil por alimentos e outros gêneros. “O Brasil acabou se inserindo nesse mercado não só porque tinha capacidade produtiva e condições de fornecer produto de qualidade e na especificação desejada com um setor agropecuário competitivo já naquela época, mas porque tinha, como ainda tem, uma tradição diplomática historicamente não beligerante”, explica o secretário-geral Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
De lá para cá, o Brasil se consolidou como um fornecedor confiável. Além da qualidade da produção, são determinantes a transparência e segurança do processo, o que envolve investimentos por parte das indústrias e capacitação dos trabalhadores.
Sete certificadoras no Brasil emitem o certificado halal. Embora não realize certificação, a Câmara Árabe colabora no processo com a confirmação aos compradores da autenticidade dos documentos relativos a cada carregamento. O procedimento está passando por uma modernização, migrando gradualmente para o modelo digital, o que garante ainda mais confiabilidade, segurança para o consumidor final e pode reduzir o tempo de processamento de documentação de três semanas para até dois dias.
EXPO DUBAI 2020 – Uma comitiva do governo estadual, incluindo o secretário Norberto Ortigara, está em missão comercial em Dubai desde o dia 11 de outubro, e teve a oportunidade de apresentar o potencial do agronegócio paranaense a lideranças mundiais. O governador Carlos Massa Ratinho Junior se reuniu na terça-feira (12) com representantes da Cdial Halal, certificadora que atua na América Latina credenciada pelos principais órgãos oficiais dos Emirados Árabes Unidos e do Golfo Pérsico, referência global em certificação halal.
Fonte: Governo do Paraná