Comercialização da soja avança com valorização do dólar


Tabelamento do frete, porém, segue sendo uma incerteza importante no mercado da oleaginosa

A valorização do dólar tem ajudado a destravar a comercialização de soja nas últimas semanas, mesmo com o tabelamento do frete ainda representando uma grande incerteza no mercado. “A comercialização deslanchou, porque os preços chegaram a R$ 100/sc nos portos, mas ainda está atrasada em relação ao ano passado. O câmbio elevado tem prevalecido, então os produtores têm vendido com um pouco mais de intensidade do que vinham fazendo até então”, afirma André Pessôa, sócio e CEO da Agroconsult. De acordo com ele, as vendas também avançaram por necessidade dos produtores de reduzirem o risco. “Eles tinham vendido pouco, estavam com essa comercialização represada. Mas a situação ainda não está normal”, explica.

No momento, produtores avaliam os possíveis cenários para os prêmios e câmbio para decidir o melhor momento de vender. Segundo Pessôa, o prêmio atual para a soja spot está em torno de US$ 2,80/bushel e o futuro, para março, entre US$ 1,10 e 1,15 por bushel. “A decisão é o agricultor aceitar ou não o prêmio que está aí. Tem produtores que raciocinam que o prêmio vai subir e melhorar a formação de preços em reais, então vão esperar um pouco mais para vender. Outros acham que mesmo que o prêmio suba, o câmbio pode baixar e aí não vale a pena esperar, é melhor vender agora”.

Na ponta compradora, o grande problema segue sendo o frete. “Você não tem nenhuma condição de fazer uma previsão de qual vai ser o preço do frete ou a tabela que vai estar em vigência. Enquanto estivermos com essa situação, há uma retração dos compradores em oferecer contratos de compra antecipada no mesmo volume que ofereciam antes”.

Em relação à procura internacional, Pessôa acredita que é preciso esperar para ver se a China realmente vai reduzir a demanda em dez milhões de toneladas como anunciado em agosto. “Por enquanto, eles têm estoque. Depois que virar o ano e eles começarem a baixar vamos poder ver se a demanda vai ser realmente menor. Minha expectativa é de que há uma dificuldade, uma rigidez muito grande, de se fazer uma redução de volume desse tamanho, mas tem que esperar para ver”.

Milho

De acordo com Pessôa, não é possível prever no momento o comportamento dos preços do milho no país. “Do ponto de vista de disponibilidade, temos estoques até maiores do que os previstos, porque a exportação e o consumo recuaram. Em tese, deveríamos ter um mercado baixista nos próximos meses, mas o câmbio subiu bastante, então os preços em reais têm crescido”.

Com a oferta e a demanda internacional já bem conhecidas, o que prevalecerá na formação de preços do milho nos próximos meses será mesmo a taxa de câmbio, reforça o CEO da Agroconsult. “Chicago sabe o tamanho da safra norte-americana, então os preços já caíram para a faixa de US$ 3,5/bushel. Conhecemos também a demanda adicional da Europa por conta da seca no norte do continente,o que aumentará a exportação no mercado internacional. E no Brasil já revimos para baixo as expectativas de embarques de milho. O que vai determinar então é o câmbio, que depende do resultado das eleições”.

Fonte: Portal DBO.

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